Sierra Burgess: Uma Jornada de Máscaras, Espelhos e Selfies da Alma
- Eloina Santos
- 20 de mai.
- 2 min de leitura
Essa resenha não é um convite ao linchamento moral da Sierra Burgess (Shannon Purser), como se ela fosse mais um personagem tosco de "videocassetadas emocionais". Antes de julgá-la, deixa eu contar o que vejo por trás da fantasia.

Sierra é como um camaleão perdido no próprio disfarce. Esconde-se atrás de ironias inteligentes e perfis falsos, tentando ser amada sem ser vista. É como se dissesse: “Se eu mostrar quem sou, não vão ficar.” O ego constrói máscaras — a alma sufoca embaixo.
Quando ela finge ser Veronica(Kristine Froseth) para conquistar Jamey (Noah Centineo), parece estar só brincando de amor adolescente. Mas o que ela faz é montar um ego ideal: um “eu” aceitável, vendável. Um falso self, como diria Winnicott — criado para sobreviver onde o verdadeiro não se sente seguro. A amizade com Veronica começa como espelho distorcido: Sierra enxerga nela o que gostaria de ser, mas acaba encontrando semelhanças inesperadas. É aquele momento em que a rival vira irmã de dor — e o desejo de ser o outro dá lugar ao desejo de ser si mesma, com menos medo.

No baile, tudo desaba. A fantasia cai. Não tem sapatinho de cristal, mas tem exposição, vergonha e a perda do controle da narrativa. É ali que o superego bate mais forte: a culpa, o olhar do outro, o medo do cancelamento emocional.
A Apologia das Migalhas
A redenção de Sierra começa torta — como quase tudo nela. Mas é real. Ela pede desculpas, mas não apaga o passado. Só tenta ser honesta pela primeira vez. Cada pedido de perdão é uma tentativa de costurar uma ferida sem esconder a cicatriz. Ela começa a aceitar sua própria bagunça, como quem veste um suéter estranho e diz: “É feio, mas é meu.” A identidade não vem pronta — é um processo. E a maior coragem talvez seja desistir de parecer perfeita.
A comédia do filme serve como válvula de escape. É o riso como mecanismo de sobrevivência — o famoso “rir pra não chorar”. Sierra descobre que é possível rir de si mesma sem se destruir. O riso, aqui, é mais afeto do que defesa. Sierra não vira heroína. Só para de fugir. Sua jornada não é sobre se transformar, mas sobre aparecer na própria vida. Se a foto ainda sai tremida, tudo bem. Ela enfim aprendeu que o olhar mais importante é o seu próprio — e que amor-próprio é treino, não milagre.

Curativo Poético
Sierra nos lembra que a jornada de se tornar quem se é, dói porque exige coragem para se encarar sem o conforto das fantasias. É como cantar desafinado na frente do espelho: desconfortável, mas libertador. E só quem ousa cantar desafinado, cedo ou tarde, encontra sua própria melodia.
🎬 CLAQUETE:
Título: Sierra Burgess é uma Loser
Titulo Original: Sierra Burgess Is a Loser
Direção: Ian Samuels
Ano: 2020 (EUA)
Gênero: Comédia /Romance
Duração:1h 45min
Onde assistir: Netflix
Eu não consegui passar pano pra Sierra , mas sei que ela não é de todo mal. Porém o que ela fez com a Verônica, foi patético , perverso . Enfim , sei que estou muito mais próxima dia problemas da Sierra , que dos problemas da Verônica. Mas nem isso fez eu me identificar com ela.
Continuo achando a Sierra uma FDP, mas entendi o que vc quis dizer