Esse último trimestre foi uma foto polaroid da minha ansiedade, com direito a filtro retrô dos anos 2000 e tudo mais. A sensação é que, por mais que você entenda e cuide da sua saúde mental, a ansiedade volta e meia lhe diz um “estou aqui” e lhe faz sentir inseguranças e indecisões de outrora. Mas acredito que isso tenha mais a ver com estar vivo do que necessariamente com amadurecimento.
Então, carry on...
O mês de abril foi marcado pela ambição de renovação. Decidi dar um novo sopro de vida ao blog, migrando da clássica e familiar plataforma do Blogger para um novo serviço de hospedagem, que prometia mais profissionalismo e recursos. No entanto, o que se seguiu foi um turbilhão de trabalho técnico: a exaustiva transferência de cada resenha, a luta para entender uma nova interface e a montagem minuciosa de um layout. E sim, eu estudei e fiz tudo sozinha. O resultado? No final, longe da euforia esperada, o que senti foi uma sensação esmagadora de desmotivação. A nova casa, tecnicamente superior (sim, era muito superior), simplesmente não tinha a alma da antiga. Sabe o aconchego que a gente tem na casa da avó e que não se repete em outros lugares? Pois bem...
E se abril foi o baque técnico, maio trouxe um terremoto na rotina. A transição para o regime de trabalho híbrido revolucionou meus dias, demandando um período intenso de ajuste e readaptação. Todas as energias foram canalizadas para encontrar um novo equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Nesse processo, o blog, que já estava fragilizado pela mudança de plataforma, sofreu ainda mais com minhas ausências. Ele se tornou a última peça de um quebra-cabeça que eu não tinha mais tempo para montar, ficando à deriva em um mar de novas responsabilidades. E isso cortava meu coração.
Junho chegou com um silêncio de pesar na plataforma. A leitura e a escrita, atos tão intrínsecos à minha rotina, continuaram acontecendo nas entrelinhas do tempo, mas nada era publicado. Algo essencial havia se quebrado na minha relação com aquele espaço. A carinha excessivamente comercial, o ar de “somos extremamente profissionais” do novo layout… tudo isso me fez sentir uma estranha na própria casa. Foi então que a nostalgia bateu forte, lembrando da simplicidade acolhedora do Blogger, do jeito despretensioso e caloroso do meu "bloco g" de 2012. E, num ato de puro afeto, tomei a decisão que meu coração já sabia: eu voltei.
Não me entendam mal, por favor! Não é que eu seja avessa à evolução tecnológica ou a novos sites com seus múltiplos plug-ins interessantes e funcionais. Não é isso. É que, quando decidi retomar a ideia do meu blog de 2012, eu queria que o pilar continuasse o mesmo: um espaço sem muitos artifícios ou propagandas, que acolha a minha escrita sincera e seja casa de leitores que só querem ler. Isso: ler!
No fim, essa jornada de três meses foi a mais pura tradução de tentativas, erros e, finalmente, um acerto que acalentou o coração. A tentativa foi a coragem de buscar evolução; o erro, acreditar que evolução significava necessariamente se tornar mais complexa e comercial, negligenciando a identidade original que tornava o meu projeto, meu. O acerto, descoberto após tropeçar, foi perceber que o valor não estava na ferramenta mais sofisticada, mas no conforto e na autenticidade que a plataforma antiga me proporcionava. Foi um aprendizado sobre escutar mais a intuição do que as tendências e entender que, às vezes, o progresso real é dar um passo para trás para recuperar o que sempre fez sentido.
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