E aí, vamos viajar com a Elizabeth Gilbert de novo? Você provavelmente já conhece a famosa jornada de “Comer, Rezar, Amar”, certo? Pois bem, “Comprometida” lançado em 2010 pela Editora Objetiva, é a sequência dessa história. Só que aqui, em vez de templos na Índia ou pizzas na Itália, Liz se depara com algo bem menos exótico (mas muito mais assustador, pelo menos pra ela): a burocracia estadunidense. Para viver com Felipe, o brasileiro por quem se apaixonou, o governo dos EUA simplesmente obriga os dois a se casar.
E aí começa o drama. Porque, veja só: os dois já tinham seus traumas com divórcios anteriores, e casamento era justamente aquilo de que eles fugiam. Mas de repente o Estado entra na história como aquele pai antiquado que bate na mesa e diz: “ou casa, ou não fica junto”. Pronto: Liz, que sonhava com liberdade, vai ter que encarar a instituição do matrimônio cara a cara.
Valendo lembrar que para dar luz ao que acho relevante na obra precisarei dar Spoiler. Avisados?! Segue o fluxo...
E foi aqui que eu quis trazer para a conversa o meu polonês preferido: Zygmunt Bauman. Ele tem um conceito que parece feito sob medida para a crise da Liz: o “amor líquido”. Bauman diz que vivemos numa modernidade onde tudo escorre pelos dedos: trabalhos, objetos, afetos. Nos relacionamentos, isso se traduz em um medo danado de compromissos sólidos. A gente prefere conexões leves, descartáveis, que não nos prendam. É quase como uma rede social: basta um unfollow e pronto, vida que segue, sem grandes consequências.
Liz e Felipe viviam exatamente isso: um amor verdadeiro, mas sem etiquetas, sem papéis, sem a obrigação de durar pra sempre. Eles estavam bem assim, vivendo um dia de cada vez. Até que… o governo americano chega como uma parede de concreto no meio da história. Para o Estado, não existe “amor líquido”: ou é sólido, oficializado em papel, ou não existe.
No fim, o casamento de Liz e Felipe não é um espetáculo de filme romântico. É mais simples. E, justamente por isso, mais real. É a formalização de um laço que já existia, uma cola aplicada em um vaso trincado. Não para esconder as rachaduras, mas para dar firmeza extra, permitindo que ele seja usado sem medo de quebrar de novo. É um compromisso assumido com consciência, e não com piloto automático.
É aí que, pra mim, está a beleza do livro: “Comprometida” não é só a história de dois apaixonados vencendo a burocracia. É quase um manual sobre como navegar relacionamentos no século XXI. Liz mostra que não é preciso escolher entre a fluidez do amor líquido e a rigidez da tradição. Ela constrói algo no meio do caminho, como se erguesse uma casa de vidro resistente. Você tem a estrutura de um lar, a segurança de paredes sólidas, mas sem nunca perder a vista do horizonte e a sensação de liberdade.
E aí eu te pergunto: você já leu “Comprometida”? O que achou da história? Também toparia morar nessa casa de vidro? Se ainda não leu e quiser aproveitar as ofertas da Amazon, é só clicar no link e garantir o seu exemplar (junto com outros títulos da Liz).
Páginas: 240 ✦ Ano: 2010 ✦ Editora: Objetiva
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2 Comentários
Tenho a impressão de que adoraria ler esse livro, mesmo depois e tanto tempo de lançamento. Não li o "Comer rezar e amar" porque vi o filme, mas esse eu lerei, acho que pela minha atual situação. kkkkkkkk
ResponderExcluirE deixa te dizer, vale muito ler "Comer, Rezar, Amar". Há elementos muito válidos e bons no livro que só existe nele.
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